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Eça de Queiroz: conheça a vida e obras do escritor Eça de Queiroz: conheça a vida e obras do escritor

Eça de Queiroz: conheça a vida e obras do escritor

Eça de Queiroz foi um dos maiores escritores de todos os tempos. Grande representante da literatura portuguesa, o autor faleceu em 1900, mas suas obras continuam tão atuais como nunca.

Junto com Machado de Assis, Eça de Queiroz é considerado o maior escritor de língua portuguesa do século XIX. Autor de “O crime do padre Amaro” e “O primo Basílio”, o escritor também trabalhou como advogado, jornalista e ingressou na carreira política.

Estar por dentro da vida e obras do escritor é essencial! Além de construir repertório cultural, suas obras são muito cobradas em provas de vestibulares como USP e Unicamp.

Está pronto(a) para aprender mais sobre Eça de Queiroz?

Então vamos nessa! Boa leitura.

Quem foi Eça de Queiroz?

José Maria Eça de Queiroz nasceu em Póvoa de Varzim, em 1845, em Portugal, filho de José Maria Teixeira de Queiroz (brasileiro) e de Carolina Augusta Pereira D’Eça (portuguesa). Seu batismo foi realizado alguns dias depois em outra cidade, já que seus pais não eram casados na época, o que era considerado escandaloso pela sociedade da época.

Passou grande parte de sua infância em Aveiro, mudando-se para Porto para estudar no Colégio Interno da Lapa e posteriormente para Coimbra, onde cursou Direito na Universidade de Coimbra.

Já advogado formado, Eça de Queiroz se muda para Lisboa, onde passa a atuar como jornalista. O autor colaborou com publicações como Renascença, A imprensa, Ribaltas e Gambiarras, Gazeta de Portugal e Revista de Portugal. Também escreveu para a Gazeta de Notícias, jornal do Rio de Janeiro.

Eça de Queiroz também se envolveu com a política, se tornando cônsul em Havana, administrador do conselho de Leiria em Portugal, e cônsul na Inglaterra. O autor também foi cônsul em Paris e sócio-correspondente da Academia Real das Ciências.

Ao visitar Émile Zola, importante escritor francês, conheceu a esposa, Emília de Castro, com quem teve quatro filhos. O autor faleceu por enterocolite em Paris, em 16 de agosto de 1900.

Livros de Eça de Queiroz

Os livros de Eça de Queiroz foram publicados e traduzidos em mais de 20 línguas, como alemão, basco, húngaro, castelhano, eslovaco e japonês. Suas obras receberam reconhecimento internacional e são ainda grandes marcos da literatura e da arte portuguesa. Confira a lista de publicações do autor:

  • O mistério da estrada de Sintra (1870)
  • O crime do Padre Amaro (1875)
  • A tragédia da Rua das Flores (1878)
  • O primo Basílio (1878)
  • O mandarim (1880)
  • A relíquia (1887)
  • Os Maias (1888)
  • Uma campanha alegre (1891)
  • A Correspondência de Fradique Mendes (1900)
  • Dicionário de milagres (1900)
  • A ilustre casa de Ramires (1900)
  • A cidade e as serras (1901)
  • Contos (1902)
  • Prosas bárbaras (1903)
  • Cartas de Inglaterra (1905)
  • Ecos de Paris (1905)
  • Cartas familiares e bilhetes de Paris (1907)
  • Notas contemporâneas (1909)
  • Últimas páginas (1912)
  • A capital (1925)
  • O conde de Abranhos (1925)
  • Alves & Companhia (1925)
  • Correspondência (1925)
  • O Egito (1926)
  • Cartas inéditas de Fradique Mendes (1929)
  • Eça de Queirós entre os seus (1949)

Quais são as obras mais famosas de Eça de Queiroz?

Conheça as obras mais famosas de Eça de Queiroz e suas principais características:

O crime do Padre Amaro

“O crime do Padre Amaro”, publicado em 1875, é ainda hoje uma das obras mais difundidas de Eça de Queiroz. O livro aborda o romance entre o jovem Amaro e Amélia, em um ambiente onde a religião tem importância chave e a moralidade da sociedade da época é bastante crítica.

Considerado um romance de tese, o livro tem como objetivo denunciar problemas sociais da época e instituições como a Igreja Católica, a burguesia, a família e o Estado. Eça de Queiroz também aproveitou para questionar e dar ênfase em um grande tabu da época: a sexualidade.

Os personagens têm desejos e apresentam erotismo, característica impensável de outras obras de épocas anteriores. A obra é narrada em terceira pessoa e se passa entre os anos de 1860 a 1870. Leia um trecho da obra:

“– A verdade, meus senhores, é que os estrangeiros invejam-nos… E o que vou a dizer não é para lisonjear a vossas senhorias: mas enquanto neste país houver sacerdotes respeitáveis como vossas senhorias, Portugal há de manter com dignidade o seu lugar na Europa! Porque a fé, meus senhores, é a base da ordem!

– Sem dúvida, senhor conde, sem dúvida, disseram com força os dois sacerdotes.

– Senão, vejam vossas senhorias isto! Que paz, que animação, que prosperidade!

(…) Tipóias vazias rodavam devagar; (…) nalguma magra pileca, ia trotando algum moço de nome histórico, com a face ainda esverdeada da noitada de vinho; pelos bancos de praça gente estirava-se num torpor de vadiagem; um carro de bois, aos solavancos sobre as suas altas rodas, era como o símbolo de agriculturas atrasadas de séculos (…). E o homem de Estado, os dois homens de religião, todos três em linha, junto às grades do monumento (a estátua de Camões), gozavam de cabeça alta esta certeza gloriosa da grandeza do seu país (…).”

O primo Basílio

“O primo Basílio”, publicado em 1878, é um retrato da sociedade burguesa da época e retrata a história do casal Jorge e Luísa. Com a chegada do primo Basílio, Luísa se envolve amorosamente e começa a sofrer chantagens da governanta, que descobre o caso.

Na obra, Eça de Queiroz aborda temas como adultério, hipocrisia, caráter, análise psicológica dos personagens, crítica à sociedade burguesa, mediocridade e os valores morais da sociedade da época. Leia um trecho da obra:

“Basílio, ao pé de Luísa, ia calado. “Que horror de cidade!” — pensava. —”Que tristeza!” E lembrava-lhe Paris, de verão; subia, à noite, no seu faéton, os Campos Elísios devagar; centenares de vitórias descem, sobem rapidamente, com um trote discreto e alegre; e as lanternas fazem em toda a avenida um movimento jovial de pontos de luz; vultos brancos e mimosos de mulheres reclinam-se nas almofadas, balançadas nas molas macias; o ar em redor tem uma doçura aveludada, e os castanheiros espalham um aroma sutil.”

O Mandarim

“O Mandarim” é uma novela escrita por Eça de Queiroz durante o período de sua residência na Inglaterra e publicada em 1880. Na produção dessa obra, o autor se afasta da estética realista e se aproxima do romantismo fantástico, sem, porém abrir mão da crítica contundente aos valores da época.

A novela aborda a história de Teodoro, que se depara com um dilema moral em relação ao recebimento de uma herança. A obra é bem humorada e com características de ironia. Leia um trecho da obra:

Duas pilhérias que soltei durante esse ano foram telegrafadas ao Universo pelos fios da Agência Havas; e fui considerado mais espirituoso que Voltaire, que Rochefort, e que esse fino entendimento que se chama Todo o mundo. Quando o meu intestino se aliviava com estampido – a Humanidade sabia-o pelas gazetas. Fiz empréstimos aos Reis, subsidiei guerras civis – e fui caloteado por todas as Repúblicas latinas que orlam o golfo do México.

A relíquia

“A relíquia” é um romance realista publicado em 1887, recebido inicialmente em formato de folhetim. A obra une relatos de viagem com uma análise da condição humana e suas reflexões. Narrado em primeira pessoa, “A relíquia” aborda as memórias de Teodorico Raposo, que vive um conflito com Dona Maria do Patrocínio, uma caricatura das personalidades mais devotas da Igreja Católica portuguesa da época. Leia um trecho do livro:

“Eu arrisquei outra palavra tímida.

– A titi, é verdade, tem-me amizade…

– A titi tem-lhe amizade – atalhou com a boca cheia o magistrado – a você é o seu único parente.. Mas a questão é outra, Teodorico. É que você tem um rival

– Rebento-o! – gritei eu, irresistivelmente, com os olhos em chamas, esmurrando o mármore da mesa.”

Quais as principais características da literatura de Eça de Queiroz?

Eça de Queiroz foi grandemente influenciado por Gustave Flaubert, autor francês do clássico Madame Bovary. O autor português é considerado um grande inovador da prosa realista portuguesa, criando neologismos, mudanças na sintaxe e na linguagem.

Responsável por inaugurar o realismo português com a publicação do livro “O crime do Padre Amaro”, o autor se afasta do idealismo português, criticando a corrupção do país, a burguesia da igreja e da elite da sociedade, além de realizar análise psicológica de seus personagens.

Além disso, outras características principais de suas obras são o descritivismo, a objetividade, o foco no presente, a abordagem de temas simples e do cotidiano e o uso da ironia e do humor, além da ausência de idealizações e o anti romantismo.

Eça de Queiroz e o Realismo

A principal obra de Eça de Queiroz, “O crime do Padre Amaro”, inaugurou o movimento realista em Portugal. O movimento realismo surgiu na segunda metade do século XIX, em oposição ao romantismo, e valorizava a objetividade, a aceitação da realidade como ela é, a ausência de idealizações, abordagem psicológica dos personagens e críticas à hipocrisia da sociedade burguesa.

Na Europa, são grandes representantes do movimento realista autores como Eça de Queiroz, Gustave Flaubert, Charles Dickens e Fiodor Dostoiévski. Já no Brasil, os representantes do movimento são Machado de Assis, Aluísio Azevedo e Raul Pompeia.

Agora que você sabe tudo sobre Eça de Queiroz, leia também sobre:

Texto escrito por: Prasaber
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