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Gripe Espanhola: A pandemia de 1918 Gripe Espanhola: A pandemia de 1918

Gripe Espanhola: A pandemia de 1918

Um dos eventos mais marcantes para a história do século XX foi a pandemia de Gripe Espanhola, que moldou o comportamento de gerações, e até os dias de hoje é alvo de estudos que buscam compreender suas origens e estabelecer a memória social em respeito às vítimas.

Neste artigo, vamos te apresentar informações sobre a pandemia de 1918, com hipóteses sobre o surgimento, causas, sintomas e consequências para o Brasil.

Vamos lá? Boa leitura!

Onde surgiu a Gripe Espanhola?

Até os dias de hoje, não se sabe com certeza qual a origem da Gripe Espanhola, pois os historiadores trabalham com rastros e teorias que se difundiram nos mais de cem anos decorridos do suposto surgimento da doença.

Apesar do nome marcante, sabe-se que a Gripe Espanhola não surgiu na Espanha. O que aconteceu foi que a imprensa espanhola se engajou na forte difusão de notícias sobre a doença, pois não estava envolvida com a Primeira Guerra Mundial.

Mas, afinal, quais as principais hipóteses sobre o surgimento da doença? Continue a leitura deste artigo para conhecer as três visões defendidas por cientistas.

Estados Unidos

A hipótese mais difundida, e aparentemente mais respaldada, garante que a doença teve origem nos Estados Unidos, visto que em janeiro de 1918 foi verificada a notificação de um médio da região de Haskell, no Kantas, sobre o aumento inesperado de casos de influenza, o vírus da gripe.

Como Haskell se localiza numa região de criação de gado, conhecida desde a época pelos amplos rebanhos com suínos, algumas associações foram realizadas sobre o surgimento natural do vírus nas combinações.

Um dos fatores que colaborou para o desenvolvimento dessa hipótese foi o fato de, nesta mesma região, serem encontradas 17 espécies de aves. A ciência atual sabe que a influenza é um vírus que pode passar para porcos, mesmo que sua origem seja de aves ou de humanos.

A combinação dos vírus de aves em humanos dentro das células de porcos possui o potencial de criar um vírus muito mais letal que o influenza comum, por isso se acredita que a doença possa ter tido origem nos Estados Unidos.

Reino Unido

Há registros que apontam que no final de 1917 um grupo de militares patologistas relatou o surgimento de uma nova doença altamente letal. Naquela época, ela foi considerada um tipo de gripe.

Em 1999, um estudo foi publicado indicando que as tropas britânicas podem ter sido o epicentro da gripe espanhola, já que os acampamentos de guerra tinham superlotação e poucas ações de higiene, o que favorecia a difusão de um vírus respiratório.

No lugar ocupado pelos soldados britânicos, havia a caça predatória de espécies silvestres como aves dos vilarejos das cercanias, então essa teoria diz que é possível que os vírus alojados em pássaros tenham evoluído e passado para os porcos que também viviam perto dos acampamentos de guerra.

Um relatório mais recente, publicado em 2016, aponta que existem evidências robustas de que o vírus da gripe Espanhola circulava entre exércitos europeus alguns anos antes da grande pandemia de 1918.

China

Segundo dados oficiais, a China foi pouquíssimo afetada pela pandemia de 1918. Esta teoria de surgimento se ancora no fato de a população chinesa ter largo contato com os vírus influenza sazonais.

Acredita-se, assim, que a população chinesa possuía imunidade adquirida para resistir à gripe espanhola, que teria se originado em campos de trabalhadores chineses que atuavam junto às tropas europeias.

Existem registros de que uma doença incomum teria atacado o norte da China em 1917, e esta doença foi identificada em 1918 como idêntica a gripe espanhola. Os críticos dessa teoria afirmam que, diferente do que se imagina, o fato da letalidade de chineses ser muito baixa para gripe espanhola impossibilita que o vírus tenha surgido na China, pois a difusão seria muito maior caso isso fosse verdade.

O que causou a Gripe Espanhola?

A Gripe Espanhola foi causada por uma combinação muito letal de vírus já conhecidos pela humanidade.

Podemos afirmar, categoricamente, que esta doença veio do vírus H1N1, que se diferenciava do vírus da gripe comum. O mecanismo de ação deste novo vírus era o de se apoderar das células do pulmão, superando as infecções no nariz e na garganta.

Como o vírus conseguia se alastrar para diversos órgãos, a infecção era muito aguda e fatal, sugerindo que o vírus tenha evoluído e se adaptado num ponto de alta letalidade, mas o suficiente para que se espalhasse rápido, eliminando hospedeiros.

Além disso, uma das hipóteses que foram estudadas pela Ciência foi a da resposta imunológica dos adultos, o grupo mais atingido pela doença. Como o sistema imune de adultos é muito desenvolvido, a resposta à infecção era tão forte que criava uma reação inflamatória forte capaz de levar os indivíduos ao óbito.

Quais eram os sintomas?

Apesar do nome, a Gripe Espanhola não causava os sintomas mais conhecidos da gripe comum: tosse, espirro e febre.

A doença de 1918 era muito única, e causava sintomas até então desconhecidos para a população. São eles:

  • Sangramento pelo nariz
  • Sangramento pelos ouvidos
  • Sangramento pelos olhos
  • Pele azulada
  • Fraqueza muscular

Como em 1918 os conhecimentos da medicina e farmácia não eram tão desenvolvidos no campo dos medicamentos, soluções que existem nos dias de hoje, como o uso de antibióticos e o tratamento de sintomas secundários não foi possível. Assim, a doença se espalhava com muita rapidez e levava os pacientes a óbito em poucos dias após a infecção.

Como um dos medicamentos mais utilizados da época era a aspirina, ela foi altamente difundida no combate aos sintomas da gripe espanhola, tendo sido a causa de muitas intoxicações e desenvolvimento de doenças por seu uso excessivo nos indivíduos que foram acometidos pela gripe.

Como a Gripe Espanhola atingiu o Brasil?

É um consenso entre os historiadores a versão de que a gripe Espanhola chegou ao Brasil no final de 1918, durante a segunda onda mundial da doença. No início, os veículos de imprensa do Brasil não informaram com a gravidade necessária o surto da doença.

A chegada da doença ao Brasil se deu por meio do navio Demerara, que saiu da Inglaterra com destino ao Rio de Janeiro, tendo feito paradas em Lisboa, Recife e Salvador. Estima-se que centenas de pessoas a bordo do navio estariam doentes durante a viagem até a chegada no Brasil.

A doença se espalhou com muita velocidade no Brasil, haja visto que as formas de contenção eram insuficientes, tendo atingido os grandes centros urbanos do país, e mesmo regiões com menos habitantes, como a dos Estados cortados pela Floresta Amazônica.

As autoridades brasileiras divulgaram uma série de medidas para conter o avanço da doença nesta época:

  • Recomendação da lavagem de mãos com frequência
  • Diminuição das chamadas aglomerações
  • Diminuição do contato físico entre as pessoas
  • Uso de máscaras

Estima-se que mais de 350 mil pessoas foram infectadas somente na cidade de São Paulo, e 12700 pessoas morreram no Rio de Janeiro. Tais acontecimentos pressionaram o sistema de saúde, de modo que não havia como atender todos os casos de doentes e mortos para esta demanda.

Uma das perdas mais marcantes em território brasileiro para a doença foi a do presidente Rodrigues Alves, que venceu a eleição presidencial de 1918, mas foi acometido pela doença em novembro do mesmo ano, e foi impedido de tomar posse para o cargo, tendo falecido em 1919.

Estima-se que o Brasil tenha registrado mais de 35 mil mortes pela doença.

Quanto tempo durou a pandemia da Gripe Espanhola?

Nos dias de hoje, estima-se que o número total de vítimas da Gripe Espanhola gire em torno de 50 milhões de pessoas, o que equivale a 3% da população global do período.

Ela ocorreu em três ondas:

  1. A primeira onda foi chamada de fase branda, e teve maior foco no estado do Kansas, nos Estados Unidos, tendo se espalhado de maneira local, com focos epidêmicos localizados.
  2. A segunda onda foi o surto que se espalhou para os continentes, matou milhões de pessoas e foi identificada como de uma taxa de letalidade de até 8%, um número assustador.
  3. A terceira onda foi moderada, mas chegou após várias nações terem sido devastadas pela Primeira Guerra Mundial, e continuou o legado de destruição.

Assim, hoje se sabe que a Pandemia de Gripe Espanhola durou de janeiro de 1918 a dezembro de 1920, tendo infectado cerca de 500 milhões de pessoas, 25% da população mundial.

O fim da pandemia aconteceu no encerramento abrupto de vários surtos ao redor do mundo, que os cientistas atribuem a possíveis mutações aleatórias que tornaram o vírus menos letal, além dos mecanismos de sobrevivência dos próprios vírus em hospedeiros. Quando os hospedeiros morriam, as variantes agressivas dos vírus encontravam menor difusão.

E aí, conseguiu entender mais sobre a Gripe Espanhola? Não deixe de expandir seus conhecimentos com a leitura de livros, artigos, além de ouvir podcasts, e consumir filmes e séries que abordam esse importante período da História. Não deixe, também, de treinar questões de provas de vestibular e Enem que abordem esse assunto.

Obrigado pela leitura!

Texto escrito por: PRASABER
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