Quincas Borba: resumo e tema principal do livro

22 de January 2024

Por PRASABER

Quincas Borba: resumo e tema principal do livro

Joaquim Maria Machado de Assis foi um escritor brasileiro considerado um dos maiores representantes da literatura do país. Foi o fundador da Academia Brasileira de Letras e o primeiro a ingressar na organização. Entre sua extensa produção, está o livro “Quincas Borba”. Você já leu?

Para aprender mais sobre o livro e suas principais características, é só continuar lendo. Boa leitura!

Neste artigo você vai encontrar:

Qual é o tema principal de Quincas Borba?

Quincas Borba é um romance realista escrito por Machado de Assis escrito em 1891. As obras de Machado podem ser divididas em duas fases e em dois estilos literários: inicialmente, suas obras se enquadram na última geração romântica, e posteriormente o autor se torna um grande representante do realismo.

O tema principal do livro é a crítica à burguesia da época e o jogo de interesses predominante no cenário urbano do século XIX.

Contexto histórico da obra

“Quincas Borba” foi escrito no século XIX, durante a queda da monarquia e os valores que ela representava. Outros eventos marcantes do período foram a Guerra do Paraguai (1864 a 1870), movimento republicano e a proclamação da República (1889) e a Lei Eusébio de Queirós, que abria caminho para a abolição da escravatura (1888).

Aos poucos, novos costumes foram instaurados e o realismo como movimento literário têm início, comprometido com a realidade e disposto a fazer críticas sociais.

Livro Quincas Borba

O livro, escrito em 1891, se passa em Barbacena (MG) e Botafogo e Flamengo (RJ) na segunda metade do século XIX. A narrativa é centrada no personagem Rubião e o narrador é onisciente.

Dividido em 201 capítulos, “Quincas Borba” é um romance monofônico e com análise psicológica, apresentando crítica social, análise psicológica e ironia. O livro narra a ascensão social de Rubião após receber a herança do filósofo “Quincas Borba”, seu único amigo e criador da filosofia do Humanitismo.

Após conhecer o casal Sofia e Cristiano Palha, personagens interessados apenas na herança recebida. O enredo narra as desventuras de Rubião até enlouquecer, gradualmente. Por ser um livro com análise psicológica, é possível acompanhar a loucura de Rubião e se sentir dentro da mente do personagem.

Filme – Quincas Borba (1987)

Em 1987, quase um século após a publicação do livro, é lançado um filme inspirado na obra de Machado de Assis. Dirigido e roteirizado por Roberto Santos, o filme é uma releitura da história para os tempos atuais.

O filme foi exibido no Festival de Cinema de Gramado, em 1987, mas foi distribuído comercialmente apenas em 1988. É possível assistir ao longa metragem completo no Youtube.

Quem são os personagens de Quincas Borba?

Confira a lista dos principais personagens de Quincas Borba:

Angélica: comadre de Rubião.
Carlos Maria: amigo de Rubião.
Deolindo: menino salvo por Rubião.
D. Fernanda: prima de Carlos Maria.
D. Maria Augusta: tia de Sofia
Dr. Camacho: amigo de Rubião.
D. Tonica: filha do major.
Freitas: amigo de Rubião.
Maria Benedita: prima de Sofia.
Maria da Piedade: irmã de Rubião.
Palha: marido de Sofia.
Quincas Borba: cão.
Quincas Borba: filósofo.
Rubião: protagonista.
Siqueira: o major.
Sofia: esposa de Cristiano Palha.
Teófilo: marido de D. Fernanda.

Filosofia do Humanitismo criada por Quincas Borba

A Filosofia do Humanitismo é uma filosofia fictícia criada por Quincas Borba no livro de mesmo nome. A filosofia se pautava na ideia do império da lei do mais forte, mais esperto e mais rico.

O Humanitismo acredita que todas as coisas convergem para a Humanitas, que se projeta por meio de quatro fases: estática, expansiva, dispersiva e contrativa. A filosofia exclui o cristianismo, considera a mulher um ser inferior e nega a verdade de todas as outras filosofias.

Para os críticos, Machado de Assis deixa claro sua sátira e crítica ao positivismo de Augusto Comte, ao cientificismo do século XIX e a teoria da Seleção Natural de Charles Darwin. Além disso, ao negar o cristianismo, faz referência às teorias de Friedrich Nietzsche.

Confira o que o personagem diz a respeito de sua própria filosofia:

“ – Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas, pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há vida, porque a supressão de uma é princípio universal e comum. Daí o caráter conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos que assim adquire forças para transpor a montanha e e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e todos os demais feitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.

– Mas a opinião do exterminado?

– Não há exterminado. Desaparece o fenômeno; a substância é a mesma. Nunca viste ferver água? Hás de lembrar-te que as bolhas fazem-se e desfazem-se de contínuo, e tudo fica na mesma água. Os indivíduos são essas bolhas transitórias.”