Veja como fazer a proposta de intervenção do Enem

Quem vai fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) sabe da importância de garantir uma boa nota na redação. Essa etapa, que avalia a capacidade de se construir uma proposta de intervenção, pode ser a etapa decisiva na hora de chegar ao curso dos seus sonhos.

Ainda não sabe como fazer a proposta de intervenção do Enem? Preparamos esse artigo para te ajudar!

Vem com a gente? Boa leitura!

O que é proposta de intervenção do Enem?

A proposta de intervenção é a conclusão dissertativa que compõe uma redação, e consiste em sugestões de ações para, como o próprio nome sugere, intervir numa situação problema. No caso do Enem, a construção histórica direciona essa proposta a autoridades, governantes, figuras com poder político e econômico como forma de sugerir a tomada de atitude que pode vir a solucionar dado problema.

Os alunos são avaliados, então, segundo os critérios:

1. Identificação do problema corretamente;
2. Sugestão de uma ação possível dentro da problematização;
3. Adequação à realidade institucional brasileira.

Assim sendo, a proposta deve ser formulada de modo a levar em conta a identificação de agentes, ações, finalidades, além da elucidação do problema apresentado pelos textos de base, com certos acréscimos de informação.

É importante, ao se deparar com uma temática, explorar todas as informações conhecidas e prováveis de determinado assunto. As temáticas que permeiam a prova do Enem sempre são alvo de comentários em espaços midiáticos, jornalísticos e sociais.

Erros comuns em propostas de intervenção são aqueles que apontam para uma desconexão com o desenvolvimento da argumentação, prévia à conclusão. Esses erros indicam que, ainda que haja conhecimento do problema, o aluno não conseguiu vislumbrar soluções práticas e cabíveis a ele.

Além disso, com o uso de frases prontas e estruturas montadas, a análise das propostas de intervenção pode acabar indicando pouco domínio do funcionamento das instituições nacionais. Por isso, vale a pena se informar e entender as questões contemporâneas, evitando as memorizações.

Como fazer a conclusão da redação do Enem?

Ainda que se deva evitar aplicar jargões sem conexão com o texto, há uma estrutura que pode ajudar a construir conclusões numa redação do Enem. Sabendo-se que na conclusão a proposta deverá ser explicitada, o aluno tem muito a ganhar ao reconhecer todos os elementos necessários.

Cinco elementos devem constar numa conclusão de redação do Enem:

1. Agente, ou quem fará?
2. Ação, ou o que será feito?
3. Modo, ou como será feito?
4. Intuito, ou finalidade do que será feito?
5. Detalhamento, ou detalhes para a ação dar certo.

Reconhecer esses aspectos ajuda a entender o que está sendo escrito. Assim, mesmo que se usem dicas ou estruturas prontas de proposta de intervenção, basta saber utilizar todos os elementos apontados como essenciais para uma boa conclusão.

Compreendendo a estrutura de parágrafos de uma redação, a conclusão deve responder às perguntas que foram criadas com o detalhamento da problematização, ou mesmo servir de continuidade e resolução para todo tipo de informação que tenha ficado em aberto antes.

Não se deve, numa conclusão, abrir novos caminhos argumentativos que não venham a ser encerrados. A argumentação deve existir, relacionada aos elementos trazidos na introdução e no desenvolvimento do texto.

Algo a ser ressaltado é que a redação do Enem se trata de um texto dissertativo argumentativo, em que dados e informações são explicadas ao passo que há margem para a argumentação que defende um ponto de vista. Por isso, temas controversos são frequentemente tema da redação e se busca entender se a solução proposta atende ao posicionamento defendido durante a argumentação.

Existem algumas formas específicas de se concluir a redação do Enem, ao sintetizar todos os pensamentos em uma intervenção, ao apresentar soluções únicas e distintas para grandes problemáticas ou mesmo ao deduzir qual será a solução encontrada pelos diferentes agentes sociais.

Continue a leitura para se aprofundar nos tipos de conclusão.

Conclusão por síntese

A conclusão por síntese é a opção que reduz ou resume as ideias que foram apresentadas no desenvolvimento do texto. Essa técnica ajuda a construir conclusões satisfatórias para os textos. Dessa maneira, deve-se abordar as ideias que foram citadas na conclusão e no desenvolvimento, de modo que elas sejam retomadas indicando uma reafirmação do que foi proposto anteriormente, a tese.

O movimento de síntese mostra ao leitor que o posicionamento que foi argumentado é um ponto de vista defensável e está de acordo com o desenvolvimento de um texto coerente, lógico e que atende às necessidades dissertativas argumentativas da redação do Enem.

A partir dessa tática, o aluno tem a oportunidade de realizar uma construção buscando reler ou aprofundar todas as ideias que foram postas no papel. Deve-se atentar para o curto espaço que não permite desenvolvimentos extensos, daí a ideia de síntese, de reduzir em poucas palavras o que foi dito em mais de um parágrafo anteriormente.

A capacidade de síntese demonstra um domínio diferente do assunto, pois a escolha de poucas palavras deve representar o sentido que se quer passar com toda a argumentação anteriormente colocada. Quem sabe sintetizar o próprio texto está antenado ao assunto tal qual quem poderia escrever páginas e mais páginas sobre ele.

Conclusão por solução

A conclusão por solução, que está em evidência com os anos de proposta de intervenção do Enem, propõe soluções para um problema debatido.

Com o acúmulo de edições do Enem, percebeu-se que esse sistema conclusivo poderia ser sistematizado e esquematizado quanto a estrutura das redações que obtêm as melhores notas. Hoje em dia, essa estrutura se tornou mais desenvolvida e é o que conhecemos por proposta de intervenção.

Assim, uma conclusão por solução que aproxima o aluno da nota máxima deve conter quatro elementos principais: ações a serem tomadas para a resolução de um problema os agentes sociais que podem tomar essas ações, o modo como essas ações podem ser implementadas e os efeitos possíveis das ações.

A solução só existe quando há um problema. Nesse tipo de conclusão, são abordados problemas práticos e temas de amplo interesse público e social. Problemas filosóficos, interpretativos e muito conotativos podem não ser uma boa escolha de conclusão por solução.

Outras provas de vestibular, com formatos diversos de redação, podem abordar problemas mais reflexivos e filosóficos, o que muda a forma com que as possíveis conclusões são construídas.

Conclusão por dedução

A conclusão por dedução não retoma as ideias principais do texto, como pode ser o caso dos outros dois tipos.

Não se deve confundir esse tipo de conclusão com a criação de novas linhas de argumentação, e sim com inferências que podem ser realizadas a partir de tudo o que já foi escrito no texto. Considere, ao fazer uma dedução, explicitar um caminho lógico que ajude o leitor a compreender o que foi imaginado, e a também realizar inferências a partir da situação problema e da argumentação.

É comum, nessa parte da conclusão, que se usem conjunções conclusivas como:

1. logo
2. pois
3. no entanto
4. por isso
5. assim
6. de modo que

Exemplos de proposta de intervenção do Enem

Para te ajudar a entender boas propostas de intervenção, consultamos os arquivos de redações nota mil do Enem!

Confira um exemplo retirado da prova de 2022. Trata-se do texto de Luís Felipe de Brito, para o tema: Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil.

“Portanto, é essencial que o governo mitigue os desafios supracitados. Para isso, o Ministério da Educação – órgão responsável pelo estabelecimento da grade curricular das escolas – deve educar os alunos a respeito dos empecilhos à preservação dos indígenas, por meio da inserção da matéria “Estudos Indigenistas” no ensino básico, a fim de explicar o contexto dos silvícolas e desconstruir o preconceito. Ademais, o Ministério do Desenvolvimento – pasta instituidora da Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais – precisa fiscalizar as atividades econômicas danosas às sociedades vulneráveis, visando à valorização de tais pessoas, mediante canais de denúncias.”

Perceba que o autor se utiliza de várias das dicas apontadas aqui, como a identificação de agente, ação e modo, além de retomadas e apresentação de soluções.

Um outro exemplo famoso é o da redação “O fim do grande irmão”, onde se lê a proposta de intervenção:

“Diante disso, é necessária a aplicação de medidas visando a um maior controle da internet. A implantação, na grade escolar brasileira, do estudo dessas novas tecnologias de informação, incluindo as redes sociais, e a consequente formação crítica dos brasileiros, seria um bom começo. Só assim, poderemos negar as previsões feitas por George Orwell e ter um futuro livre do controle e da alienação.”

Ao consultar o texto completo, você poderá perceber que há uma forte retomada ao início, com fechamento de um ciclo argumentativo ao mesmo tempo que se propõe soluções para a problemática.

E aí, conseguiu entender melhor sobre o que é uma proposta de intervenção e as formas de criá-la? Então não deixe de exercitar seus conhecimentos, ler textos atuais, jornalísticos e apurações contemporâneas, além de reservar um espaço na sua agenda para treinar a escrita de redações, de olho na nota mil!

Obrigado pela leitura. Até a próxima!